Escola abre as portas para a comunidade


Os reparos são feitos de forma gradativa na Escola Municipal Maria Cândida Peixoto Salles, no Jardim Santa Fé, zona leste de Londrina. Funcionários da Secretaria Municipal de Educação consertaram os muros e instalaram uma nova tela ao redor da quadra de esportes no início desta semana, mais de dois meses após os atos de vandalismo que assustaram alunos e professores. 

A escola atende 380 alunos do Ensino Fundamental. As marcas do desrespeito são apagadas aos poucos, com a ajuda da comunidade. No dia 28 de fevereiro, uma das salas foi atingida por um artefato em chamas. O incêndio, controlado rapidamente, danificou cortinas, carteiras e mochilas de alunos. Dias depois, vidros das janelas das salas foram quebrados. Os responsáveis pela depredação não foram identificados, mas as ocorrências levaram a Secretaria de Educação a realizar uma intervenção parcial para reestruturar as atividades internas e a relação com a comunidade. 

A medida, com duração de 120 dias, teve início em março e será concluída em julho. A diretora da escola, Soraia D’Aquino, afirmou que integrantes da equipe de apoio vão até o Santa Fé uma vez por semana para conversar com professores e funcionários. "A intervenção tem sido proveitosa. Além das mudanças pedagógicas, isso serve para estreitar a relação entre os servidores e a Secretaria de Educação", destacou. 

Fora das salas de aula, a transformação é feita com a ajuda de voluntários. A quadra de esportes ganhou uma pintura e pode ser usada pela comunidade todos os dias da semana. "Nós estabelecemos alguns períodos: de segunda a quinta durante a noite, na sexta-feira o dia todo porque não temos aula de Educação Física, no sábado a partir da tarde e no domingo", detalhou a diretora. O portão lateral que dá acesso às quadras foi retirado pelos vândalos. Conforme Soraia, o portão será recolocado, mas permanecerá aberto nos horários em que a comunidade pode utilizar o espaço. 

Futebol
Dois projetos de futebol também serão implantados aos sábados. A ONG Futebol de Rua cadastrou 30 alunos, entre meninos e meninas, para participar das atividades das 8 às 11 horas. Um professor da escola e uma pedagoga também vão acompanhar o grupo. O projeto começa neste sábado. "A proposta é de um futebol de paz que vai além da quadra para ensinar cidadania e respeito aos participantes de 8 a 11 anos", explicou a diretora. 

Entre 11 e 12 horas será a vez dos adolescentes da comunidade. Um grupo de voluntários vai oferecer aulas de futebol e outras atividades por meio do projeto "Geração Eleita". 

A aproximação com a Secretaria de Educação e as primeiras mudanças adotadas serviram como um incentivo para os servidores. "Ninguém pediu transferência da escola após o vandalismo. Nenhum professor quis sair. A equipe acredita na comunidade. Isso tudo é um grande desafio", avalia Soraia, que assumiu a direção em fevereiro deste ano. 

A professora Cristina Sayuri Koyama trabalha no local há 14 anos e também destaca a alegria de atuar no Santa Fé. "Eu moro longe daqui e escolhi atravessar a cidade de ônibus todos os dias para trabalhar nesta escola. Eu poderia ter pedido transferência, mas não. Eu gosto daqui. Eu aprendo mais com eles do que eles comigo", garantiu. 

No final deste mês, a direção da escola pretende realizar um grande mutirão com pais, alunos, funcionários e a própria comunidade. Os muros do lado de fora e as paredes internas vão ganhar desenhos coloridos e chamativos. "É um trabalho de formiguinha, mas vai dar certo", finaliza a diretora.

Fonte: Folha de Londrina