Dois em cada três não se preparam para aposentadoria


A expectativa de vida do brasileiro cresce a cada ano, mas 66% da população não se prepara financeiramente para a aposentadoria, segundo a pesquisa Educação Financeira no Brasil, feita pelo portal Meu Bolso Feliz, do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil. O indicador revela que duas em cada três pessoas devem sofrer redução no padrão de vida por depender exclusivamente da previdência oficial, ainda que fique cada vez mais difícil receber ao menos o teto de R$ 4.396. 
Dos entrevistados, 35,2% dizem que não fazem qualquer reserva financeira para complementar a aposentadoria e 30,8% até afirmam que se preparam, mas, se perdessem o emprego, teriam dinheiro para sobreviver por no máximo três meses. A economista chefe do SPC Brasil, Luiza Rodrigues, afirma que o brasileiro entende que a aposentadoria está garantida pelo governo, mas não considera que a pensão tende a ser, cada vez mais, inferior ao salário ao qual está acostumado. 
O envelhecimento da população pressiona as contas de órgãos de previdência pública. Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o tema, em dezembro último, a expectativa de vida ao nascer no Brasil passou para de 71 anos em 2002 para 74,6 anos em 2012. Mecanismos como o Fator Previdenciário, que calcula a pensão com base em informações como tempo de contribuição e idade do trabalhador, são usados pelo governo para tentar contornar os gastos. 
A economista do SPC vê como inevitável que o País passe por mudanças no benefício, como a elevação do prazo para quem se aposenta por idade, hoje de 65 anos. "O Brasil é um dos únicos países sem idade mínima e deve seguir o exemplo dos outros que já tem, então quem quer se aposentar antes precisa se preparar", diz Luiza, ao citar o caso da Alemanha, que ampliou o limite para 67 anos. 
O professor de economia Sidnei Pereira do Nascimento, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), considera que as pessoas vivem cada vez mais, usam a previdência pública por mais tempo, mas o número de novos contribuintes não cresce na mesma proporção. "É uma conta que não fecha e percebemos que, historicamente, o sistema de aposentadoria vem mudando por falta de caixa", diz. 
No entanto, Nascimento vê a baixa renda de boa parte da população e a desconfiança em relação à solidez da previdência privada como motivos. Ele considera que a poupança ainda é a mais comum. 
O educador financeiro do Meu Bolso Feliz, José Vignoli, discorda e vê um problema de maus hábitos financeiros entre os brasileiros. "Países com renda muito menor que a brasileira, como a China, por exemplo, apresentam altíssimas taxas de poupança, formada principalmente para a aposentadoria. Cabe a cada brasileiro melhorar sua educação financeira", diz Vignoli. 
Fonte: Folha de Londrina