Governo atrasa repasses para hospitais


Verba de R$ 3 bilhões do Fundo Nacional de Saúde não foi creditada no dia 10, o que não acontecia há dois anos; MS alegou que uma parte seria disponibilizada ainda ontem

 O atraso no repasse de R$ 3 bilhões do Governo Federal tem complicado ainda mais a situação dos hospitais de média e alta complexidade de todo o País. Os valores do Fundo Nacional de Saúde costumam ser disponibilizados até o dia 10 de cada mês para o pagamento de cirurgias, transplantes e atendimentos de emergência. Mas a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que o Paraná ainda não havia recebido o repasse referente ao mês de novembro até a tarde de ontem. A pasta alegou que não era possível precisar o valor a que o Estado tem direito, já que muitos municípios, que fazem a gestão plena dos serviços de saúde, como é o caso de Londrina, por exemplo, recebem os valores diretamente do Ministério da Saúde (MS). 

"Esse recurso se refere sempre ao mês anterior, e é com esse recurso que os hospitais pagam seus fornecedores e funcionários", relatou José Luiz Spigolon, diretor-geral da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. Segundo ele, hospitais já planejam suspender atendimentos caso não recebam os repasses. 

Londrina recebe mensalmente R$ 13 milhões. O valor é distribuído pelo Fundo Municipal de Saúde aos hospitais Universitário, Evangélico, Santa Casa, Zona Sul e Norte, além de outras unidades. 

"Em um mês normal, o dinheiro já teria sido repassado para os hospitais. As instituições terão um pouco de dificuldade para honrar seus compromissos com fornecedores e com os funcionários. Mas acredito que neste primeiro momento o atraso não irá prejudicar o atendimento", frisou o secretário municipal de Saúde, Mohamed El Kadri. Não havia registro de atraso nos repasses do MS há dois anos, conforme apurou a reportagem. 

A situação trouxe preocupação para as direções dos hospitais. A Santa Casa de Londrina recebe, em média, R$ 2,5 milhões mensais e este é o único recurso que o hospital tem para cobrir as despesas com os procedimentos médicos e pagar salários. Os vencimentos não estão atrasados, porém não há recursos para o pagamento da segunda parcela do 13º salário e da próxima folha salarial. "Temos algumas empresas que vão entrar em férias e necessitamos adquirir materiais e suprimentos em maior escala para não ficarmos desabastecidos. Sem os repasses, vamos ter que recorrer a empréstimos bancários", relatou o superintendente da Santa Casa, Fahad Hadad. 

O Ministério da Saúde informou que R$ 2 bilhões, 70% do valor total do repasse, seriam creditados ainda ontem e que os 30% restantes serão repassados entre os dias 2 e 5 de janeiro. O MS não informou os motivos que levaram ao atraso nos repasses para os hospitais de média e alta complexidade. 

Fonte: Folha de Londrina (Com agências)