UGT exige respeito aos trabalhadores e punição aos que levaram o País ao atoleiro


Há muito tempo a União Geral dos Trabalhadores (UGT) vem denunciando que a desoneração da folha de pagamento nos moldes como foi concebida pelo Governo só beneficiou o empresário, pois não exigiu contrapartida e as demissões não pararam. 

 Agora, o ministro da Fazenda Joaquim Levy acaba de anunciar que a "brincadeira" custou aos cofres do Estado R$ 25 bilhões por ano. Esse dinheiro, que faltou para a educação, saúde e investimento em infraestrutura no País, foi para o bolso de setores empresariais que fazem parte de um grupo de chorões que só sabem viver no guarda-chuva do Estado.

 Quando se anuncia que a "brincadeira" acabou, com a retomada da cobrança dos impostos que deixaram de ser arrecadados, o grupo de "chorões" ameaça chantagear o País, com demissão em massa e elevação dos preços, que, certamente, vai pressionar a inflação. A UGT nunca foi contra a desoneração da folha de pagamento por acreditar que ela poderia garantir os postos de trabalho e estimular a geração de emprego, a redução dos custos e do preço final dos produtos, aumentando a produção, o desenvolvimento e o crescimento do País. No entanto, nos moldes como foi concebida e sem exigir contrapartida, acabou revelando o lado oportunista de um grupo de empresários que transformou a desoneração da folha em lucro e continuou mantendo as mesmas práticas que vinha adotando, como elevação de preços e demissões.

 Como alertou inúmeras vezes que o processo da desoneração da folha estava equivocado, a UGT não vai se calar diante da ameaça dos maus empresários e virá a público denunciar aqueles que promoverem demissão em massa. 

 Com as novas medidas, o Governo, segundo os economistas, vai conseguir um reforço de caixa na ordem de 0,7% do PIB. Isso, no entendimento da UGT, ainda não é suficiente para o Brasil voltar a registrar um crescimento rápido e sustentável, mas é o caminho para a recuperação fiscal e o passaporte para se obter a confiança de que teremos uma política econômica que garanta a retomada de investimentos e uma redução nas taxas de juro. 

 Portanto, com esse reforço de caixa obtido pelo Governo, condenamos o aumento anunciado na tarifa de energia. Essa medida vai penalizar ainda mais a sociedade e a classe trabalhadora como um todo, pois afeta diretamente sua renda, sendo capaz de retirar da mesa do trabalhador o básico necessário para sua sobrevivência, para arcar com esse  aumento.   

 É real que o Brasil está em apuros e que chegamos a essa situação pelo descompasso na política econômica e na frouxidão fiscal, que acabou sendo uma mãe para os empresários e um carrasco para os trabalhadores. Porém, os últimos 30 anos da retomada da democracia demonstraram que o Brasil tem instituições democráticas fortes que garantem a governabilidade, não existindo espaço para golpistas que sempre estão de plantão, à espera para mostrar sua face ditatorial. Além disso, nosso setor privado é diversificado e pode - e confiamos - levar de volta o País ao crescimento, ao desenvolvimento com geração de emprego e distribuição de renda. 

 É com essa certeza que a UGT vai às ruas exigir respeito à classe trabalhadora, com o fim das medidas provisórias que retiram direitos conquistados, a redução nas taxas de juro e rigorosa punição aos corruptos que contribuíram para levar o País ao atoleiro.  

  Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores