No meio de toda essa crise, onde está Dilma?


Se até outro dia poderia haver dúvida, hoje existe a certeza de que o país passa a viver um momento de preocupante ingovernabilidade. Com a presidente fora das páginas e entocada em seu palácio, os coadjuvantes tomam o protagonismo de uma situação jamais vista na história desse país.

Abra os jornais e procure a presidente.

É certo que Dilma Rousseff evita jornalistas como vegetariano foge de churrasco. Mas a estratégia de desaparecer como coelho de cartola pode ser a pior. Ela se restringe a manter discretas reuniões com a base aliada, como ocorreu nesta quarta-feira, e opera nos bastidores – sem a mesma habilidade Lula para obter sucesso nessa linha de ação.

O episódio envolvendo a Petrobras e as investigações motivadas pela Lava-Jato comprometeram não somente a estatal petroleira mas roubaram o que restava de credibilidade – e exposição – deste governo.

Mesmo sem ainda serem citados publicamente na lista de autoridades envolvidas no mar de lama denunciado pelos primeiros delatores do Petrolão – e ainda virão outros – os presidentes da Câmara e do Senado, ambos do PMDB, já acenam com ameaças veladas – outras nem tanto.

O futuro institucional do país está nas mãos do ministro Teori Zavascki, do STF, na forma de um relatório que aponta 28 nomes de políticos – entre eles os de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros – envolvidos no esquema de corrupção e desvio de dinheiro que roubou da Petrobras muito mais do que alguns milhões de reais, mas sua respeitabilidade internacional.

Dilma deve viver o pior dos pesadelos. Ela sabe que — sem o PMDB – não existe como manter a governabilidade. O cenário não é favorável. A inflação dispara, a crise hídrica não cede, a classe política se excita, o real desaba e o barril do petróleo (um de nossos trunfos comerciais) despenca no mundo inteiro. Nossas relações exteriores nos afastaram dos Estados Unidos e nos tornaram íntimos da Bolívia, por exemplo. Para piorar, Dilma dá em Joaquim Levy as broncas que jamais deu em Graça Foster, tripudiando de sua tábua de salvação depois de acariciar, por meses, seu maior algoz.

Se este não é o fundo do poço, o que virá, meu Deus?

 

Claudio Carneiro - disponível no site Opinião e Notícia