Gravação mostra conselheiro do TCE preocupado com prisão de servidor


Gravação telefônica obtida pelo Ministério Público (MP) revela a preocupação do ex-presidente e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) Artagão de Mattos Leão com a prisão de um funcionário do Tribunal. O servidor em questão é o então coordenador-geral do TCE Luiz Bernardo Dias Costa, nomeado por Leão e suspeito de receber propina em licitação do órgão.

A ligação é de junho de 2014, entre Leão e o então diretor do TCE, Ângelo José Bizinelli. Após ser informado por Bizinelli de que havia agentes vasculhando a sala da diretoria, o então presidente do TCE palpita. “Eu acho que é sobre a licitação do prédio”, diz, em referência à licitação para construção de anexo ao prédio do TCE, avaliada em R$ 36 milhões.

Segundo o Ministério Público, houve fraude no certame em favor da construtora Sial. Pouco antes da ligação, Luiz Bernardo Dias Costa, que conduziu a licitação, havia sido preso ao sair do prédio da empresa com R$ 200 mil em uma pasta. Os promotores sustentam que o dinheiro é referente à propina para fraudar a concorrência.

Em outro momento da conversa, Leão se mostra preocupado com Luiz Bernardo Dias Costa, a quem chama de “LB”. Ao ser informado por Ângelo Bizinelli de que Costa ele não estava no prédio, ele aventa uma possibilidade. “Viu Bizi, eu não sei se não... Será que prenderam o Luiz Bernardo?”. A conversa prossegue.

“Diga para ele suspender qualquer ação que tiver. Qualquer ação, imediatamente”, ordena Leão, após pedir que Bizinelli tentasse contato com Costa. A gravação ainda mostra uma avaliação do então presidente do TCE sobre a situação. “Mas isso aí é uma vergonha para nós, hein?” .

Procurado, Artagão de Mattos Leão não quis se pronunciar. Disse, apenas, que a investigação é ilegal e que irá se defender na Justiça. O atual presidente do TCE, Ivan Bonilha, afirmou que não há críticas a serem feitas sobre a conduta de Artagão até o momento.

Roberto Brzezinski, advogado de Luiz Bernardo Dias Costa e Ângelo Bizinelli disse que a denúncia do MP se baseia em provas ilícitas obtidas em interceptações telefônicas já consideradas nulas pela Justiça.

Fonte: http://g1.globo.com/pr