PolĂ­cia Federal prende Vaccari Neto, tesoureiro do PT, em nova fase da Lava Jato


A Polícia Federal prendeu, nesta quarta-feira (15), o tesoureiro do PT João Vaccari Neto, a mulher dele, Giselda Rousie de Lima; e cumpre mandado também contra a cunhada do petista, Marice Correa de Lima, por envolvimento com o esquema da Operação Lava Jato. Vaccari é acusado de receber para o PT um porcentual relativo a propina, da diretoria de Serviços da Petrobras na época em que era comandada por Renato Duque. Ele teve a prisão preventiva decretada nesta manhã e está sendo levado de carro, de São Paulo para a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde deve chegar no início da tarde.

O motivo da prisão de Vaccari é a reiteração criminosa. Os detalhes sobre esta 12ª fase da Lava Jato foram prestadas em entrevista coletiva da força tarefa no fim da manhã desta quarta-feira.

Vaccari já responde uma ação penal em SP desde 2010, por ação que envolve o Cooperativa do Bancários de São Paulo (Bancoop), que teria feito doações a partidos políticos. De acordo com a PF, Vaccari teria trajetória de operações suspeitas desde 2004. “Esses elementos todos envolvendo a responsabilidade de Vaccari são denunciados há muito tempo. O juiz Sérgio Moro reconheceu a presença de requisitos bem claros para a prisão. Recondução, reincidência no tipo de crime e influência que ele tem pelo cargo que ocupa hoje”, diz Igor Romario de Paula, delegado regional de combate ao crime organizado da PF.

O pedido de prisão do tesoureiro foi feito pela PF em meados de março. “Até que tenha sido oficializado pelo juiz Sergio Moro, foram algumas semanas, mas a prisão não tem a ver com o depoimento de Vaccari na CPI da Petrobras, na semana passada”, explicou o delegado.

Na entrevista, os investigadores informam que Vaccari foi citado pelos delatores: Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Júlio Camargo, Augusto Mendonça e Pedro Barusco. A PF também investiga a família dele, porque há altos valores que transitam entre parentes

Bancoop

As irregularidades cometidas pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na época em que foi presidente da Bancoop, de 2004 a 2010, foram apontadas pelo Ministério Público Federal (MPF) como uma das razões para a prisão preventiva do dirigente petista. Segundo os procuradores do MPF, Vaccari já utilizou recursos da Bancoop para repassá-los ao PT, sendo denunciado à Justiça por isso e mesmo assim continuou a repetir os crimes com a utilização de verbas da Petrobras para doações oficiais ao partido, “escondendo operações de lavagem de dinheiro”.

Em 2010, Vaccari foi denunciado pelo Ministério Público Estadual de São Paulo por estelionato por ter desviado recursos da cooperativa e lesado milhares de cooperados que pagaram prestações de imóveis que nunca chegaram a receber. A juíza Cristina Ribeiro Leite Balbone Costa, da 5ª Vara Criminal de São Paulo, aceitou a denúncia e em meados deste ano deve dar sentença no processo que envolve Vaccari e outros cinco ex-dirigentes da entidade.

A gestão temerária de Vaccari na Bancoop deixou um prejuízo de pelo menos R$ 100 milhões, segundo concluiu o promotor José Carlos Blat ao denunciar o tesoureiro do PT.

Apesar de ter deixado de entregar perto de 3 mil imóveis aos cooperados, com a quebra da cooperativa, dirigentes petistas associados à entidade receberam seus imóveis, como foi o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que adquiriu um triplex no Guarujá, avaliado entre R$ 1,5 milhão a R$ 1,8 milhão. O prédio de Lula, no bairro das Astúrias, um dos mais nobres do Guarujá, foi terminado no final do ano passado pela OAS, empreiteira contratada por Vaccari em 2010 para concluir vários prédios da Bancoop que estavam com as obras paralisadas.

O próprio Vaccari também tem apartamento nesse prédio nas Astúrias. Sua cunhada Marice Corrêa de Lima adquiriu apartamento num prédio da Moóca e também teve prioridade para receber imóvel, apesar de milhares de outras pessoas não terem a mesma sorte.

Fonte: Jornal de Londrina