Professores da rede estadual decidem retomar greve a partir de segunda


Em assembleia realizada na manhã deste sábado (25), professores das escolas estaduais votaram pela retomada da greve a partir da próxima segunda-feira (27). A principal insatisfação da categoria é o descumprimento do acordo feito com o governo Richa para o fim da primeira paralisação. Na ocasião, o governo se comprometeu a não mexer na previdência dos servidores estaduais. No entanto, um novo projeto que propõe mudanças na Paranaprevidência já foi enviado à Assembleia Legislativa e deve ser votado na próxima semana.

A assembleia na sede do Canadá Country Club, em Londrina, começou por volta das 8 horas e contou com a participação de milhares de professores de Londrina e diversas cidades do estado. Na pauta, estava a organização da categoria para acompanhar a votação do projeto de lei 252/2015, que prevê mudanças na Paranaprevidência, o que deve ocorrer na próxima semana. Os professores prometem levar caravanas até a capital para pressionar os deputados a votarem contra o projeto.

De acordo com a organização e o credenciamento dos professores e servidores, vieram para a assembleia da APP-Sindicato 3 mil pessoas de todo o Paraná. “Retomamos [a greve] com muita energia. É uma indignação enorme com o procedimento do governador, que não honra com a palavra”, afirmou Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato do Paraná.

Agente educadora em Curitiba, Silvana Prestes defendeu a inclusão de outros itens na pauta da greve. “Viemos garantir nossa Paranaprevidência, mas nossa pauta não pode ser só essa. Temos que ir para além da previdência, não podemos deixar passar”, disse. Mesmo a proposta tendo sido derrotada em votação pelos professores e servidores, Silvana vai protestar na Assembleia Legislativa. “Vamos fazer greve, com polícia ou sem polícia. A força é aqui [na assembleia em Londrina], mas a luta e a pressão são lá [em Curitiba].”

Policiamento

Sabendo da mobilização dos professores, o governo Richa planeja cercar a Assembléia Lergislativa do Paraná com um cordão de isolamenbto de policiais militares a partir deste sábado (25). A intenção é garantir a votação de dois projetos do programa de ajuste fiscal no Legislativo na semana que vem.

Na primeira tentativa de votação do pacotaço de ajuste, em fevereiro, o plenário da Assembleia foi tomado por professores da rede estadual de ensino e outros manifestantes, que permaneceram lá por três dias. Sem ter como voltar ao plenário, os deputados tentaram fazer a votação no restaurante do Legislativo. Mas, novamente, os manifestantes tomaram a Assembleia – com receio de um confronto mais grave, a sessão foi suspensa e o governo retirou as propostas.

Projetos

Os dois projetos atuais são reformulações das versões originais. Um deles prevê várias medidas. Entre elas, estão o refinanciamento de dívidas de ICMS; a venda das dívidas refinanciadas no mercado financeiro; o estabelecimento de um valor menor do que o atual para que as dívidas do estado só sejam pagas por meio de precatórios; e um artigo que “saneia” as finanças do estado no orçamento de 2014, que não cumpriu as metas fiscais previstas.

O outro projeto, mais polêmico, é o que muda a forma de pagamento de inativos da Paranaprevidência. O governo pretende transferir o pagamento mensal de 33,5 mil inativos para o Fundo Previdenciário. A migração faz com que o governo não precise pagar esses aposentados e pensionistas com dinheiro do tesouro. Foram escolhidos para a migração servidores acima de 73 anos. A economia do governo seria de R$ 1,5 bilhão ao ano.

Ao contrário do que ocorreu da outra vez, em fevereiro, quando o governo tentou passar os projetos em regime de “tratoraço” − em comissão geral, sem discussão −, os novos projetos foram levados antes ao funcionalismo e a outras instituições. Mesmo assim, o governo tem receio de novas manifestações em plenário.

Fonte: Jornal de Londrina