Professores da UEL e das escolas estaduais reafirmam greve e vĂȘem 5 por cento como faca no pescoço


“O governo joga um índice abaixo da inflação e tenta impor um reajuste nos colocando uma faca no pescoço”. Desta forma, o presidente da APP-Sindicato em Londrina, Márcio André Ribeiro, avaliou a proposta feita pelo governo do Paraná, de conceder 5% de reajuste para todos os funcionários públicos e encerrar as negociações com os grevistas do setor da educação.

A administração estadual vai enviar um projeto de lei para a Assembleia Legislativa com a proposta, que, segundo o governo, foi feita “conforme a capacidade orçamentária e financeira” do estado. Para as entidades sindicais, no lugar de apaziguar, a reação do governo do Paraná é combustível extra para estender a paralisação nas universidades e escolas públicas. No setor, as duas etapas das greves já completam quase 50 dias - a maior dos últimos 10 anos.

Os sindicatos de professores da Universidade Estadual de Londrina (Sindiprol/Aduel) e o sindicato dos professores e funcionários das escolas estaduais (APP-Sindicato) interpretaram o anúncio e o fim do diálogo como uma afronta direta aos grevistas. A direção estadual da APP se reúne nesta sexta-feira (15), em Curitiba, para medir a temperatura do embate e, talvez, marcar uma nova assembleia para consultar os funcionários da educação sobre o caso.

“Nunca vi uma negociação feita dessa forma. É como se a responsabilidade por qualquer coisa agora fosse só nossa. Está bem longe de ser”, lamentou Ribeiro. A APP afirma que dará total apoio jurídico para diretores de escolas enfrentarem as pressões do governo estadual, que prometeu responsabilizá-los, já a partir da 2ª feira, caso se neguem a cortar pontos dos funcionários grevistas que faltarem às aulas.

Na UEL, os professores têm assembleia marcada para esta sexta-feira (15), às 8h30, no “Pinicão”. Segundo Nilson Magagnin, vice-presidente do Sindiprol/Aduel, o clima geral “é de contrariedade” e não há perspectivas de fim do movimento. “É um reajuste imposto, unilateral. Esperamos os 8,17%, previstos no INPC, pagos integralmente”, diz o sindicalista, para quem a proposta apenas tumultua o cenário. O governo anunciou que os 5% de reajuste devem ser pagos em duas parcelas.

“Quem deve ser cobrado pelo fim da greve é o governo do Paraná. É dele que a sociedade deve cobrar essa conta”, diz. Magagnin considera que, novamente, o governo do Paraná ludibriou o movimento: “Uma das justificativas para aprovar as mudanças na ParanaPrevidência foi a de que a medida era necessária para equilibrar as contas e aplicar o reajuste da data-base”, aponta o vice-presidente do Sindiprol. “Obviamente não foi o que aconteceu mais uma vez”, lamentou.

Os funcionários administrativos da UEL e do Hospital Universitário (HU) também fazem assembleia no Centro de Ciências Humanas (CCH) na segunda-feira (18). Começa 9h.

Fonte: Jornal de Londrina