Mobilização cresce e Paraná está sob ameaça de greve geral


Com o endurecimento do governo do Estado, ao deixar a mesa de negociações propondo uma reposição salarial de 5% - abaixo do índice de inflação dos últimos 12 meses, que ficou em 8,17% -, a semana deve ser marcada pela ampliação da mobilização dos grevistas e a deflagração de greves em categorias que até aqui não tinham cruzado os braços. Os agentes penitenciários deflagrariam greve ontem, cumprindo decisão tomada na última terça-feira; os servidores da saúde têm um indicativo para deflagrar uma greve por tempo determinado – ficarão parados enquanto estiver em votação na Assembleia Legislativa (Alep) o projeto de lei estabelecendo a reposição salarial abaixo da inflação. O movimento deve ser deflagrado nesta terça-feira.

As duas categorias juntam-se a professores e servidores da rede estadual de ensino e das universidades estaduais, em um movimento que pode parar o setor público – ou pelo menos a maior parte dele no Paraná. Enquanto isso, a base do governador Beto Richa (PSDB) na Alep ameaça uma rebelião. Quem está puxando a fila dos descontentes é o PSC, com os seus 12 deputados, a maior bancada no Legislativo. O partido do secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Júnior, fechou questão em torno da reposição de 8,17% nos salários dos servidores. Se o governo mandar um projeto de lei prevendo reposição menor, os deputados pretendem apresentar emendas atendendo ao pedido dos servidores.

O fechamento de questão do PSC muda totalmente o jogo na Alep: a oposição passa de 20 para 32 deputados, ao passo que o governo se desidrata, caindo de 30 para 18 deputados, pelo menos na votação da reposição salarial.

Até o PSD, do chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, se reúne amanhã, em Curitiba, para discutir o posicionamento do partido com relação à crise vivida pelo governo Beto Richa. Apesar de Sciarra ser o presidente estadual da legenda, alguns diretórios importantes devem propor um desembarque do PSD do governo estadual.

“Conspiração”

As declarações de Beto Richa em entrevistas colaboram para acirrar ainda mais os ânimos. O tucano segue a linha de que é vítima de uma “conspiração” político-partidária e insiste em dizer que não viu excessos da Polícia Militar no confronto de 29 de abril – que será lembrado na próxima sexta-feira pelos servidores, com um novo ato em Curitiba.

 Em meio a toda essa tensão, um novo grupo de “bombeiros” entra em cena: uma comitiva da bancada federal tenta abrir um canal de negociações entre grevistas e governo. Ao deputado Alex Canziani (PTB) coube a tarefa de tentar agendar uma reunião entre os representantes do funcionalismo e o governo, para tentar restabelecer as pontes. A bancada federal entrou em cena a pedido da APP-Sindicato, que representa os trabalhadores da rede estadual de ensino, que busca um novo canal para dialogar com o governo.

Fonte: Jornal de Londrina