Professores e governo divergem, e greve continua


A paralisação nas 2,1 mil escolas estaduais do Paraná completa hoje 33 dias, sem previsão de encerramento. Um dia após o governador Beto Richa (PSDB) encaminhar o projeto de lei da data-base à Assembleia Legislativa (AL), os professores reuniram o comando de greve, na sede da APP-Sindicato, em Curitiba, e decidiram reforçar a mobilização em todo o Estado. A reunião começou ainda pela manhã, com cerca de 130 pessoas, e se estendeu até o início da noite. Segundo a secretária de finanças da entidade, Marlei Fernandes, não há qualquer perspectiva de se votar o fim da greve. 

"Essa proposta indecente do governador é uma afronta, um novo ataque. Ele rompe com o compromisso da greve de fevereiro, quando disse que não iria mais retirar direitos dos servidores, e ainda tenta desqualificar o movimento com inverdades, como a de que vai conceder 12% de reajuste. É uma mentira", afirmou. De acordo com a sindicalista, a próxima assembleia geral da categoria será convocada, "se necessário for", para o dia 9 de junho. O horário e o local não foram definidos. 

Hoje, os educadores devem participar do ato que relembra um mês da batalha campal no Centro Cívico, na capital. Em Londrina, a mobilização será no Calçadão. Já na semana que vem, a ideia é visitar os deputados estaduais e propor emendas à mensagem, de forma a garantir, ainda em 2014, a reposição da inflação dos últimos 12 meses, de 8,17%. O texto que chegou à AL determina uma correção de apenas 3,45%, a ser paga em três parcelas. O índice corresponde ao IPCA de maio a dezembro do ano passado. Em contrapartida, a gestão tucana se compromete a antecipar a data-base de 2015, hoje estimada em 8,37%, para janeiro. 

Em um vídeo publicado no Facebook, Beto voltou a dizer que o governo chegou ao limite. "É uma proposta séria, no limite de nossas possibilidades, irrecusável nas circunstâncias da crise econômica que vive o Brasil hoje. Mas eu fui surpreendido mais uma vez com a recusa da APP-Sindicato. E quero dizer a vocês que estou convencido de que essa atitude ultrapassou a defesa dos interesses salariais dos professores e passou para o terreno da disputa política", afirmou. 

Para o tucano, a APP "segue a cartilha do PT", a quem "não interessa o diálogo". "Conscientes do nosso papel, procuramos fazer o melhor para atender os professores, que já receberam um aumento de 60% nos últimos quatro anos, o que representa o maior aumento do Brasil. Mas agora é hora de voltar às salas de aula", completou.

Fonte: FOLHA DE LONDRINA