Grupo desviava R$ 1 milhão por mês da Receita do Paraná, afirma Gaeco


O grupo que cobrava propinas dentro da Receita Estadual do Paraná em Londrina, no norte do estado, arrecadava cerca de R$ 1 milhão por mês com o esquema, de acordo com coordenador estadual do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Leonir Batisti.

Nesta quarta-feira (10), 49 pessoas foram presas, suspeitas e acusadas de participação no esquema de corrupção dentro do órgão. Várias delas faziam parte da alta cúpula da Receita, de acordo com o Ministério Público (MP-PR).

Um deles é o ex-coordenador geral da Receita Estadual, José Aparecido Valêncio da Silva. Ele teve o nome citado durante as investigações, pediu exoneração do cargo e estava em férias. O advogado de Valêncio Neto disse que precisa se informar sobre as acusações contra o seu cliente e só após isso era comentar o caso.

Também foi preso Márcio de Albuquerque Lima, ex-inspetor geral de fiscalização da Receita Estadual, que é apontado pelo Ministério Público (MP-PR) como líder da quadrilha. Ele já tinha sido preso no dia 29 de abril após passar 40 dias foragido. Lima foi solto no dia 14 de maio, após obter um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O advogado dele, Douglas Bonaldi Maranhão, disse que não vai comentar o assunto. O Gaeco informou ainda que outro mandado de prisão é contra Luiz Abi Antoun, que é parente do governador Beto Richa (PSDB).

Ele também já tinha sido preso por suspeita de envolvimento em um esquema de fraude em licitações de oficinas para o conserto de carros do Estado do Paraná. Atualmente Abi responde em liberdade. Até as 19h30 ele não tinha sido localizado pela polícia.

O advogado que o representa, Luiz Carlos Mendes, disse não ter conhecimento do mandado de prisão e não informou onde estaria seu cliente.

Richa diz ser o maior interessado
Beto Richa afirmou que "é o maior interessado" nas investigações do esquema de propina na Receita Estadual do Paraná em Londrina, no norte do estado.

"Eu tenho vínculo com muitas pessoas, mas eu não posso ser relacionado a eventuais malfeitos de pessoas que estão sob investigação. Eu não passo a mão na cabeça de ninguém. O governo é o maior interessado para que essas investigações aconteçam, que tudo seja esclarecido", disse.

O tucano pediu punição aos envolvidos nos crimes. "Se houve prejuízo à arrecadação do Paraná, que seja também levantado, e, havendo culpados, que sejam punidos", declarou Richa.

O governo do estado também divulgou nota, na qual reforça a declaração de Richa de apoio às investigações e, além disso, caracteriza o esquema como "um comportamento edêmico, ou seja fatos que acontecem há cerca de 30 anos".

Operação Publicano
Deflagrada em 20 de março pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Operação Publicano descobriu um esquema de sonegação de impostos e de cobrança de propina dentro da Receita Estadual de Londrina, no norte do Paraná.

As investigações começaram em junho de 2014 e revelaram, segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), que um grupo de auditores fiscais cobrava propina de empresários para não aplicarem multas. Para dar legitimidade ao esquema, os mesmos auditores e outros empresários abriam empresas em nomes de "laranjas" para emitir notas fiscais.

Ainda conforme o MP-PR, pelo menos 13 empresas participaram do esquema criminoso ou foram abordadas pelos agentes públicos responsáveis pelas solicitações de propina.

A Justiça aceitou as denúncias feitas pelo Ministério Público contra 62 pessoas acusadas no caso, sendo 15 auditores fiscais da Receita Estadual, 15 empresários, 14 pessoas consideradas pelo MP como “laranjas” no esquema, 11 contadores, três auxiliares administrativos, dois funcionários públicos, um policial civil e um administrador de empresas.

O MP-PR denunciou o grupo por corrupção passiva, formação de organização criminosa, falso testemunho, falsidade ideológica e outros fatos criminosos.

Fonte: http://g1.globo.com/pr