Em Londrina, protesto teve panelaço, Pai Nosso e bronca ao PT


Os pedidos de impeachment ou renúncia da presidente Dilma Rousseff (PT) dominaram os protestos contra o governo na tarde de ontem, embora alguns manifestantes defendessem a intervenção militar. Menos plural, a passeata reuniu cerca de 20 mil pessoas, segundo estimativas do major José Luiz de Oliveira, da Polícia Militar (PM). Os organizadores falaram em até 48 mil pessoas. A concentração, que começou fraca por volta das 14h, ganhou corpo depois das 15h e percorreu a Avenida Higienópolis, descendo pela Avenida Paraná, até a Praça Marechal Floriano Peixoto, terminando perto das 17h.

“Confesso que nós não estávamos com muita expectativa, porém assumimos o compromisso de cumprir e alinhar aos movimentos nacionais. Graças a Deus o londrinense é um povo patriota e quer dar exemplo ao país. Porque a manifestação quem faz mesmo é o povo”, afirmou Fábio Martins, do Movimento Viva Londrina, um dos organizadores do protesto. Além deste, dois outros movimentos estavam à frente da passeata: Viva Londrina e Brasil Livre. “Além do impeachment da Dilma ou a cassação, temos a preocupação de conscientizar o povo do poder dele.”

O administrador de empresas Ludinei Picelli disse que foi protestar porque não aguenta mais a situação de “bandalheira”. “Não dá mais. Está insuportável nossa situação. Tem que colocar esse povo na cadeia. O primeiro é o Lula, porque ele é o chefe de tudo”, disse.

Picelli defende a renúncia da presidente, mas não quer intervenção militar. “[A renúncia] é uma situação menos traumática. Se não der, aí [tem] o impeachment. Mas, nós estamos numa democracia e temos que exercer essa democracia. A intervenção militar nos restringe e tira a liberdade de expressão. Nós temos condições de resolver pela democracia.”

Anuar Abibi é aposentado, mas disse que precisa continuar trabalhando para complementar a renda. Foi ao protesto porque estava indignado. “O Brasil só será Brasil verdadeiro quando o povo participar das decisões do país. Nossa grande arma é a eleição, o voto. O nosso título de eleitor é a maior arma que temos. O impeachment é bobagem”, opinou.

Os amigos Paulo Vitor Reis e Gustavo Lang, os dois com 17 anos, foram ao protesto segurar cartazes contra a corrupção. Ambos pedem o fortalecimento das investigações de órgãos como a Polícia Militar. Isabela Hara, de 13, foi com a mãe Edna e a família – tios e primos. A adolescente disse acreditar que a solução é uma educação melhor.

No meio da passeata havia alguns estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) entrevistando os manifestantes para uma pesquisa com o objetivo de traçar o perfil de quem vai às manifestações. “A gente está fazendo um levantamento para ver a característica dos manifestantes, ter uma noção”, contou Gilberto Pucca, estudante de Direito da UEL.

 Próximo à Rua Goiás, um casal que se manifestou pró-PT com cartazes e vestindo camisetas vermelhas foi agredido verbalmente, inclusive com xingamentos, por alguns manifestantes mais exaltados. A polícia controlou a confusão e os jovens deixaram a passeata. O carro de som ressaltava: “Deixa esse petista com a polícia. Petista precisa de polícia.”

Na entrada da Avenida Paraná, os organizadores pediram para que todos rezassem um pai-nosso.

Fonte: Jornal de Londrina