As incertezas do cenário político tendem agravar a crise econômica em 2016


O ano já começou. Com ele, renovam-se as esperanças de melhoria para a economia brasileira e para que o País retomeo caminho do desenvolvimento, com justiça e inclusão social, melhor distribuição de renda, ampliação dos postos de trabalho e geração de emprego, melhoria na qualidade da saúde e educação para todos. Contudo, quando nos deparamos com o atual cenário político do Brasil, percebemos a distância que existe entre o que a sociedade almeja e a realidade que estamos vivendo.

 Em entrevista com o economista José Roberto de Araújo Cunha, vice-presidente de Assuntos Sindicais do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo (Sindecon-SP), entidade filiada à União Geral dos Trabalhadores (UGT), é possível perceber que não há expectativas de o Brasil vencer a crise ainda este ano. “O País vive uma crise política entre a presidente e sua base aliada, outra econômica e uma que pode ser descrita como falta de objetividade para enfrentar os efeitos da atual conjuntura. Essa última é a que pode apontar quais as prioridades a serem adotadas para reverter esse colapso. Assim, o Governo não dependeria tanto das medidas do Banco Central com o reajuste das taxas de juros”, explica Cunha.

 Segundo o economista, esses fatores de agravamento da crise tendem a piorar no decorrer do ano e continuarão a deteriorar a economia do País, porque, de um lado, o Governo exige de alguns setores da sociedade o apoio incondicional às medidas que estão sendo adotadas e impõe sacrifícios a toda a população ao aumentar impostos, mas, em contrapartida, não dá o exemplo, não promove cortes de gastos, não diminui ministérios. “Não existe um conjunto de medidas que aponte luz no fim do túnel, mesmo que seja para o segundo semestre do ano.”

 José Roberto reforçou que o agravamento da crise se dá muito pela intransigência do Governo em reconhecer que foi o grande causador dessa situação, já que medidas poderiam ter sido adotadas em 2014, mas não foram por ter sido um ano eleitoral. “Hoje, o Governo está desviando o foco da sociedade, dizendo que os causadores da crise são fatores externos, como, por exemplo, a questão da China ter crescido menos.”

 Para Cunha, o conjunto desses fatores fortalece a crise de credibilidade que o Governo vem enfrentando e, dessa forma,o trabalhador deixa de consumir e as empresas deixam de contratar e de investir, o que agrava o estado de recessão. “A presidente e o PT perderam a credibilidade junto à sociedade. Quando você perde, é difícil reconquistar e vejo que o governo não está se esforçando para recuperá-la, mas, semcredibilidade, a Dilma não conseguirá fazer nada”, diz o sindicalista.

 Em função desse cenário político e das incertezas em relação à economia do País, José Roberto aconselha a classe trabalhadora a não fazer gastos que não sejam essenciais. “Esse é o momento de identificar uma nova oportunidade econômica, mesmo que seja complementar, qualificar-se e fazer um curso, ou seja, o momento é de não ficar parado, mas sem gastar, pois a palavra chave para o momento é poupar.”

Fonte: UGT