Professores de Londrina reagem a possĂ­vel aumento da jornada


A Secretaria Municipal de Educação de Londrina iniciou um estudo para aumentar a carga horária dos professores de 20 para 30 horas semanais, isto é, passando de quatro para cinco horas diárias. A proposta seria aplicada já no início das aulas em fevereiro de 2018 e atinge 1,4 mil professores dos 4,6 mil da rede escolar. O projeto nem saiu do papel, mas já sofreu resistência da maioria dos 300 professores presentes na reunião pública convocada pela Câmara Municipal de Londrina segunda-feira (30) à noite. 

 

 A secretária Maria Tereza Paschoal de Moraes admitiu que a oposição foi grande ao projeto, mas enfática, defendeu a mudança para o próximo calendário escolar. "Qualquer mudança positiva para educação é urgente. Neste caso é um investimento", disse, ao ressaltar que o prefeito Marcelo Belinati (PP) está disposto a bancar o projeto que irá ter um impacto de R$ 25 milhões ao ano no orçamento. Segundo o estudo, do total de 4,6 mil professores da rede, três mil estão enquadrados para se candidatar às 1,4 mil vagas que seriam abertas para jornada estendida. 


A proposta tem ainda o objetivo de ampliar a permanência do aluno de 1º ao 5º ano do ensino fundamental em sala de aula e investir no aperfeiçoamento dos professores em formação presencial e a distância. Outra consequência da medida será zerar o gasto com horas extras. "Queremos acabar com as horas extraordinárias que somam R$ 2 milhões." 

OPOSIÇÃO 
O Sindserv (Sindicato dos Servidores Municipais de Londrina) criticou a pressa e reivindicou que o projeto seja apresentado por escrito. "É prematura a discussão. A medida deveria ser aplicada para 2019", disse o presidente do Sindserv, Marcelo Urbaneja. 

A categoria tem outras dúvidas sobre o projeto piloto. Para o sindicato, a medida traz impacto também aos profissionais que não quiseram aderir voluntariamente à jornada estendida. "Quem não aceita a mudança terá que mudar de escola? Imagina a logística disso? É uma movimentação muito grande", indagou. Urbaneja questionou ainda a fragmentação. "Essas horas a mais seriam feitas durante a semana ou aos sábados?" 

O presidente justifica que a medida interfere diretamente na vida dos professores. Isso porque muitos têm dupla jornada. Ou seja, trabalham em outras escolas e não conseguiriam se adaptar às mudanças. "É uma angústia tremenda porque mexe na vida das pessoas." 

PESQUISA 
A secretária de Educação informou que não há projeto por escrito porque a medida ainda está em fase de estudo e que ainda será feita uma pesquisa em toda rede para verificar se a maioria está disposta à mudança. "Tem muita gente que é favorável. Quem não quer ganhar 50% a mais?", disse completando que será feita a avaliação do impacto da medida e a logística da mudança será apresentada posteriormente. "Sabemos que o corporativismo é grande, mas vamos ampliar esse debate" 

Segundo Maria Tereza, só depois da pesquisa o projeto vai ser redigido e será encaminhado à Câmara. "Um decreto ainda será feito para regulamentar toda a jornada da categoria", completou. 

Caso a ampliação de jornada não seja aprovada pela categoria, a única solução da pasta seria a contratação de 400 professores, por meio de concurso, para cobrir o deficit de mão de obra na rede municipal. 

CÂMARA 
O presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal, Amauri Cardoso (PSDB), também cobrou do Executivo que a proposta seja apresentada por escrito e de maneira clara. "A forma que o assunto foi apresentado foi péssima, com muita desinformação, o que causou instabilidade no chão da escola", disse. Por outro lado, Cardoso acredita que a discussão precisa ser feita. "Não podemos avaliar ainda o conteúdo porque ainda não há projeto, por isso convocamos a reunião pública."

Fonte: Portal Bonde