Vereadores aprovam as contas de Nedson


Por 12 votos a 5 e uma abstenção, contas foram aprovadas com ressalvas;

A Câmara Municipal aprovou ontem, em primeiro turno e depois de mais de duas horas de debate acalorado, a prestação de contas da Prefeitura de Londrina referente ao ano de 2006, durante a gestão do ex-prefeito Nedson Micheleti (PT). O Tribunal de Contas aprovou o acórdão 603/09, recomendando a aprovação com ressalvas, mas parecer conjunto das comissões de Justiça e de Finanças transformou as 11 ressalvas feitas pelo órgão numa reprovação. Dos 18 vereadores que participaram da sessão de ontem, 12 votaram pela aprovação com ressalvas, 5 pela rejeição e 1 se absteve. O líder do PT na Câmara, Jacks Dias, faltou à sessão. De acordo com a sua assessoria, o petista foi a Brasília, mas no retorno, perdeu a conexão do voo em Curitiba para voltar a Londrina.

A sessão se transformou numa longa e acalorada avaliação política da gestão de Nedson. O presidente da Comissão de Justiça, Joel Garcia (PDT), que bancou o parecer pela rejeição das contas, não foi acompanhado pelos outros dois membros da comissão na votação em plenário. Gérson Araújo (PSDB), que já não havia assinado o parecer, votou pela aprovação com ressalvas. Roberto Fortini (PTC) assinou o parecer conjunto, mas se absteve na votação em plenário. Além de Garcia, votaram pela rejeição das contas Tito Valle (PMDB), Rony Alves (PTB), Rodrigo Gouvêa (PRP) e Amauri Cardoso (PSDB).

Sem citar nomes, Garcia deixou o plenário reclamando dos votos da bancada belinatista, já que Marcelo Belinati (PP) e Sandra Graça (PP) votaram pela aprovação com ressalvas. “Lamento que pessoas que passaram oito anos fazendo oposição agora estão corroborando as contas do prefeito Nedson”, declarou. Sandra Graça rebateu, dizendo que “ninguém bota cabresto” no voto dela. “Eu não me considero oposição, sou uma vereadora independente. Não deixei de defender o cidadão, como fiz durante os oito anos da gestão Nedson. Me sinto com o dever cumprido”, rebateu a vereadora.

Garcia sustentou o discurso de que seu parecer tem “caráter técnico”, mas não deixou de admitir que estava fazendo também um julgamento político de Nedson. Ele apontou pontos da gestão petista que considera questionáveis e completou: “é isso que vamos discutir [(ontem], se o ex-prefeito Nedson vai poder voltar a disputar eleições”. Eloir Valença (PT), que foi um dos defensores da gestão petista, rebateu: “eu estou percebendo a sua preocupação com Londrina, mas estar preocupado com essa ou aquela candidatura foge um pouco do nosso foco”.

A vereadora Lenyr de Assis (PT), disse que “a leitura [do acórdão do TC] feita por parte da Comissão de Justiça tem caráter político”. Ela disse que na votação das contas em segundo turno, na sessão da próxima terça-feira, as contas serão aprovadas com 13 votos.

Debate lembrou problemas éticos dos partidos A discussão sobre a prestação de contas da Prefeitura de Londrina referentes a 2006, durante a gestão do ex-prefeito Nedson Micheleti (PT), se transformou num longo debate político, que volta e meia bateu em Brasília. O tucano Gérson Araújo foi o primeiro a nacionalizar o debate. Ele leu um discurso tecendo críticas ao governo Lula, aos problemas éticos que o PT nacional enfrentou nos últimos anos, disse que a gestão Nedson deixou a desejar, mas concluiu afirmando não ver "razão para rejeição das contas". Lenyr de Assis saiu em defesa das gestões municipal e federal do PT, dizendo que o seu partido “mudou o rosto do Brasil”.

Coube a Marcelo Belinati (PP) colocar um ponto final na federalização do debate. Ele afirmou que concordava com as críticas de Araújo ao PT, mas lembrou problemas éticos do PSDB. Disse que o governo FHC “enterrou CPIs” e lembrou problemas dos senadores tucanos Arthur Virgílio (AM) e Sérgio Guerra (PE): o primeiro manteve um assessor recebendo por um ano e meio do Senado, enquanto estudava na Europa e o segundo, pagou com dinheiro do Senado uma viagem da filha aos EUA.

FONTE: JORNAL DE LONDRINA