Sindicalistas afirmam que redução de jornada amplia benefício a todas categorias


A aprovação da proposta de emenda constitucional 231, que reduz a jornada semanal de trabalho de 44 para 40 horas, fará com que todos os trabalhadores recebam os benefícios que já existem em diversas categorias, explicaram, nesta segunda-feira (14), representantes sindicais. Eles se encontraram com o governador Roberto Requião, na Granja do Canguiri.

Clementino Vieira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, lembrou que cerca de 50% dos empregados do setor no Paraná já trabalham no regime de 40 horas. “Iremos normatizar, em definitivo, algo que já vem funcionando. As categorias que têm menos poder de pressão é que serão beneficiadas”, explicou.

Segundo Vieira, são 31 as categorias que já trabalham menos de 44 horas, como a bancária, do transporte coletivo, de saúde e dos servidores públicos. Já comerciários e empregadas domésticas, por exemplo, vivem na situação oposta, com a legislação em vigor permitindo que, na prática, trabalhem muito mais que a jornada normal.

“Atualmente, o patrão pode exigir que a empregada doméstica trabalhe 24 horas por dia, de segunda a sábado, já que as leis atuais não garantem os horários de trabalho”, explicou a presidente do Sindicato dos Empregados Domésticos do Paraná, Carolina Michelisa Stachera.

No caso dos comerciários a situação é parecida, já que as leis permitem jornadas extraordinárias que acabam se tornam rotineiras. Segundo o presidente da CUT-PR (Central Única dos Trabalhadores do Paraná), Roni Barbosa, isso faz com que os funcionários trabalhem até 56 horas semanais. “O comércio precisa se modernizar, não é mais aceitável carga horária desse tamanho”, afirmou.

BENEFÍCIOS - Segundo lembrou Clementino Vieira, a jornada atual faz com que os trabalhadores passem de 12 a 13 horas fora de suas casas. “Em média, são nove horas na fábrica e mais cerca de uma hora e meia para ir e voltar. Com a redução ganha-se, no mínimo, mais uma hora por dia em casa, para o lazer ou ficar com os filhos”, explicou.

O diretor da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, Zenir Teixeira de Almeida, lembrou que a produtividade dos trabalhadores quase duplicou desde 1988, quando foi instituída a jornada de 44 horas. “As indústrias podem reduzir as jornadas e criar mais empregos”, afirmou. “A tendência mundial, em função dos avanços tecnológicos, é diminuir as jornadas de trabalho. O Brasil precisa humanizar as suas relações, e uma forma de fazer isso é dando mais tempo para o lazer e convívio com as famílias.”

De acordo com o presidente da CUT-PR, reduzir a jornada vai dar melhor condição de vida, de saúde e de trabalho para os trabalhadores, além de criar empregos. “Há décadas defendemos a redução da jornada, agora entendemos que chegou o momento de o Congresso Nacional aprová-la”, disse Barbosa.

Os sindicatos já visitaram os gabinetes dos 513 deputados federais, em Brasília, para debater sobre o assunto. “A redução de jornada não é uma questão econômica, é uma questão social para dar maior qualidade de vida aos trabalhadores. É dessa maneira que queremos que os deputados se posicionem,” explicou o diretor de mobilização da Força Sindical do Paraná, Nelson Silva de Souza.

Estiveram presentes no encontro com o governador Roberto Requião, representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), Força Sindical, CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), além de diversos sindicatos.
 
Fonte: Agência Estadual de Notícias