Quantas Silvaneides, Hanrietes e Rosanes ainda precisarão morrer?


Esta semana, fomos abalados por três perdas profundamente tristes no funcionalismo público. Nos últimos dias, uma professora faleceu durante uma reunião escolar, após ser pressionada a atingir metas estabelecidas pelo Governo do Estado. No começo da semana, um guarda municipal de Londrina, com apenas 44 anos, sofreu um infarto fatal. E ontem, mais uma professora do estado faleceu dentro da escola.

Essas tragédias não são coincidência. São reflexo direto da sobrecarga de trabalho, da pressão constante por resultados e da ausência de políticas públicas eficazes voltadas à prevenção e manutenção da saúde do servidor.

Nem o Estado, nem o Município de Londrina, têm demonstrado um olhar atento para a saúde de seus servidores. Não há consultas periódicas, exames preventivos, programas estruturados de saúde mental ou suporte para lidar com o estresse laboral. O que existe, infelizmente, é o descaso institucionalizado.

Esses casos extremos evidenciam uma crise silenciosa: servidores doentes, aumento do absenteísmo. E antes da tragédia, quantos estão sendo afastados por transtornos psicológicos, esgotamento físico e doenças evitáveis, causadas pela precarização do trabalho?

Temos reiteradamente solicitado a aplicação das normas regulamentadoras de saúde do trabalhador no município além da contratação de mais profissionais, visto que a defasagem é crescente e sobrecarrega todo o funcionalismo municipal. Enquanto isso, são apresentadas metas ambiciosas na LDO — metas desconectadas da realidade de quem vive o dia a dia do serviço público.

É preciso fazer a pergunta que muitos se recusam a ouvir: quantas vidas mais precisarão ser perdidas para que algo, de fato, seja feito?

Não podemos mais naturalizar o adoecimento e a morte de nossos colegas como meras fatalidades. Isso é resultado de uma política omissa. Saúde ocupacional é um direito, não um favor. E garantir esse direito é uma urgência que não pode mais esperar.